Consumidores trocam varejo pelo atacado para economizar mais

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Para fazer o salário render, famílias decidem comprar em grande quantidade. Após compra, com preço mais em conta, produtos são divididos pela família.
Você já ouviu falar em atacarejo? É onde muita gente tem feito as compras do mês para tentar equilibrar o orçamento familiar. Célia, a irmã e a mãe agora compram no atacarejo, um tipo de mercado que tem preços diferentes para o atacado e para o varejo. O saco do arroz de 1 Kg sai por R$ 3,59 e já no fardo com 30 pacotes, o preço do quilo cai para R$ 3,08. Depois, elas dividem para a família toda. “Somos famílias parecidas, na quantidade de criança, na quantidade de gente em casa. E o que cada uma não tem na sua casa, a sua necessidade, cada uma compra à parte”, explica a bancária Célia Regina.

A busca por preços menores, para fazer o salário render, com as compras em grande quantidade, é uma estratégia que cresceu neste ano em todo o país: uma mudança no comportamento do consumidor que já é percebida e muito no mercado. “Nós temos um empobrecimento da classe média, que sai do supermercado e vai fazer uma compra mais barata. Economia no atacarejo, ela chega a 20%, 30% no orçamento. Isso é significativo, ainda mais em termos de crise”, analisa Paulo Pacheco, doutor em Economia.
No primeiro semestre, as vendas cresceram 8,5% no atacarejo e caíram 0,2% nos supermercados, comparando com o ano passado. “A gente percebe que é uma compra que acontece sempre na primeira e segunda semana do mês quando o pessoal recebe o salário. E a gente vê comprando muito óleo de soja, arroz, detergente, sabonete e creme dental”, aponta Leonardo Vilaça, diretor financeiro.
Dona Leda se lembrou de velhos tempos. Quando o país tinha hiperinflação, ela também comprava no atacado para economizar. “É triste, mas estamos voltando atrás. Tem que economizar porque senão, o dinheiro não dá”, diz ela.